Foi só miragem

Dia desses tive uma miragem. Nunca pensei que teria uma.
No meio do deserto estava a vagar com a minha solidão.
Areia quente, coração frio
A alma que a muito se fora, acalentou-se em alguma lembrança agradável do passado, enquanto o sol forte fustigava o corpo.
O silêncio de dias por entre as dunas a muito tempo deixou mudo o diálogo interno.
Foi quando aconteceu.
Por um momento, tudo parou: o coração, a respiração, o tempo.
Era uma imagem pálida, algo que ao longe parecia uma imagem querida.
O vento trouxe o perfume conhecido, a umidade desejada.
Os olhos marejaram imediatamente. O coração de súbito acelerou.
Corri, na esperança de alcançar o meu desejo. Em vão. Ele se afastava a cada passo.
Foi apenas uma miragem.
Sequei as lagrimas, solucei baixinho.
Arrumei mais uma vez o cantil seco na cintura. Ajeitei o lenço na cabeça, voltei a caminhar buscando uma saída daquele deserto.